sexta-feira, 6 de julho de 2007

Jornais em Brancos

Jornais em brancos, os canais da tv azul, o radio com apenas um apito.
Foi isso que o Sr. Quimera encontrou naquela manhã. Achou estranho, mas como já estava enjoados deles foi para o trabalho sem se preocupar, afinal só têm noticias ruins nos jornais.
Trabalhava como diretor no Pronto Socorro de Santa Rosa, um bairro pobre da cidade de São Paulo, quando chegou pensou errar o lugar. Estava com pouco movimento, praticamente vazio, com apenas os médicos parados em seus consultórios. Foi até a recepção perguntar o que estava acontecendo, porque não tinha nenhuma pessoa lá dentro sem ser os funcionários.
- Onde foram parar todos os doentes? Onde estão as vitimas de batida de carro ou os atropelados? Onde estavam aquelas jovens meninas grávidas? Não tinha nada de diferente dos outros dias, não era feriado, não tinha jogo da copa e não tinha nenhuma facção criminal atacando. Era um dia normal.
Vendo que não tinha nenhum trabalho a fazer, foi à prefeitura de São Paulo exigir pressa no pagamento das despesas do Pronto Socorro que sempre estavam atrasada.
Chegando, percebeu que estava tudo deserto, não tinha nenhum carro no estacionamento. - Cadê os vereadores? Pra onde foi o prefeito, os juizes e os promotores?
Começou a ficar preocupado, mas o que mais o assustou foi saber que as contas do Pronto Socorro já tinham sido todas pagas e no dia exato. Em seus vinte anos de experiência isso nunca havia acontecido, era algo inédito.
No caminho de volta ao trabalho, parou no farol, pegou umas moedas para dar aos pedintes (o que já tinha como ritual), mas hoje não havia ninguém, nem mendigo, nem menino, nem nada.
- Que estranho! É melhor assim, mas não deixa de ser esquisito.
Observou que o motorista que estacionava o carro na calçada ao lado, deixou a porta aberta e saiu.
- Que maluco! Ele deve ter seguro de carro, mas mesmo assim tem louco pra tudo.
Viu uma menina, que aparentava ter uns oito anos, andando sozinha pela rua.
- Que perigo! Que pai deixaria uma criança atravessar a rua sozinha? Nenhum! Isso ta ficando estranho.
Em vez de voltar ao trabalho, foi para o centro ver o que estava acontecendo com a cidade, todos parecia ter sumidos. Mas não, lá tinha bastante gente, pessoas passeado, casais na praça, crianças brincando com os cachorros.
- Ufa!
Ficou contente em saber que estava tudo normal. Até quando percebeu que um jovem garoto ajudava uma senhora com as compras, uma mulher que pegava no chão uns jornais que estavam jogados, a cidade estava limpa e no meio de tudo aquilo ele ainda ouvia os passarinhos cantando.
Já era demais, será que ele nunca havia percebido essas coisas na sua cidade?
Saiu do carro e correu até a banca de jornal, e viu “JORNAL DE UTOPIA, A Cidade de Utopia foi declarada como A Melhor Cidade Para Viver”.
- Como assim Utopia? O que aconteceu com a minha cidade? Entrou no carro e voltou à prefeitura, e leu no prédio “Prefeitura de Utopia”.Confuso, correu para a entrada da cidade, e lá... “Bem Vindo à Utopia”.
Desesperado, pegou as suas coisas e se mudou.
MESGO

Um comentário:

Anônimo disse...

vamos nos mudar para utopia.